JAPÃO QUER GERAR ENERGIA SOLAR DIRETO DO ESPAÇO

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Desde o ano 2000, o Japão vem estudando seriamente essa ideia, com apoio do Ministério da Economia, Comércio e Indústria e de agências espaciais como a JAXA. Esses estudos envolveram universidades, indústrias e centros de pesquisa, passando de testes de laboratório até projetos de usinas espaciais em escala real.
O desenvolvimento do SSPS segue um plano bem definido. Primeiro, uma demonstração de cem quilowatts. Depois, sistemas de dez megawatts, seguidos por instalações de duzentos e cinquenta megawatts. O objetivo final é um sistema comercial capaz de fornecer um gigawatt de energia à Terra, o suficiente para abastecer uma grande cidade.
O conceito do SSPS é surpreendentemente simples e robusto. Um enorme painel de geração e transmissão fica suspenso por múltiplos cabos conectados a um módulo central no espaço. A própria diferença de gravidade entre as extremidades do sistema mantém tudo estabilizado, sem motores ou estruturas móveis complexas.
A face superior do painel é coberta por células solares. A face inferior abriga milhões de pequenas antenas que transmitem energia por micro-ondas. Todo o sistema é modular, formado por unidades idênticas, o que reduz custos, facilita testes e aumenta a confiabilidade.
Um detalhe inovador é que não há cabos de comunicação entre os módulos. Os sinais de controle são enviados por uma rede sem fio, semelhante a um Wi-Fi espacial, permitindo integração e manutenção mais eficientes.
O modelo básico do SSPS pode atingir uma potência máxima de cerca de um vírgula seis gigawatt, com uma média de um gigawatt entregue ao solo. Para aumentar ainda mais essa eficiência, versões avançadas utilizam espelhos móveis que refletem a luz solar continuamente sobre os painéis, elevando o aproveitamento energético para até noventa e cinco por cento do máximo possível.
Quando analisamos o impacto ambiental, os resultados são impressionantes. As emissões de dióxido de carbono ao longo de todo o ciclo de vida do SSPS são comparáveis às da energia nuclear e muito menores do que as das usinas a combustíveis fósseis. Isso faz da energia solar espacial uma das alternativas mais promissoras para reduzir as emissões globais de carbono.
Mas transmitir energia sem fios realmente funciona? Funciona, e já foi testado. Experimentos com antenas de fase controlada permitiram direcionar feixes de micro-ondas com alta precisão. Em testes práticos, essa energia foi usada para alimentar um rover robótico, movimentar o veículo, carregar baterias e transmitir comandos simultaneamente, tudo sem nenhum cabo.
Desde dois mil e nove, o SSPS faz parte da nova política espacial japonesa. Planos de demonstração em solo já foram definidos, com transmissão de energia a dezenas de metros e potências na faixa de quilowatts, preparando o caminho para aplicações espaciais em grande escala.
O objetivo é claro: desenvolver e validar todas as tecnologias necessárias para que, dentro de cerca de dez anos, a energia solar captada no espaço possa se tornar uma realidade comercial.
O SSPS não é apenas um projeto de engenharia.
É uma nova maneira de produzir energia para o planeta.
Limpa. Contínua.
E vinda diretamente do espaço.

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